NEW YORK - 1986 a 1991 - Os cantores a quem assisti.


                                         Ray Charles, ao vivo em Long Island


Pode não ter sido o mais famoso ou importante mas foi o que vi mais de perto e que pouco se apresentava naquela época. A foto foi tirada por mim, com uma pequena câmera. Era uma figura carismática e seu show aconteceu em uma tenda de lona, armada no meio de um parque em Long Island em um domingo de verão. A maioria da platéia, que assistiu do lado de fora da tenda, era composta de famílias que chegaram mais cedo e fizeram um picnic no gramado. Dentro da tenda, alguns privilegiados, como nós, sentaram-se em cadeiras colocadas perto de um pequeno palco, suficiente para a orquestra, o piano elétrico e o espaço para que ele entrasse apoiado em um guia (foto).

Já bem grisalho e muito sorridente, agradeceu às palmas, sentou-se em frente ao piano e tocou e cantou durante quase uma hora. Foi sensacional. 

Cantou uma das minhas preferidas, Stella by Starlight, e encerrou com seu maior sucesso Georgia on My Mind.  E foi essa que escolhi para ilustrar este blog. Reparem como ele marca os compassos com o pé esquerdo (o direito sempre no pedal). 



Assistir a Frank Sinatra e Liz Minelli juntos, em um grande ginásio em New Jersey, foi a chance de rever o maior de todos os tempos (eu estive naquele grande concerto no Maracanã em janeiro de 1980) e só lamentei que, anos depois, seu show anunciado para o dia do meu aniversário em 1985 tenha sido cancelado sem prévio aviso, fazendo com que nós e nossos amigos Armando e Sylvinha fôssemos até lá e encontrássemos um aviso luminoso sobre o cancelamento. Até hoje não sabemos ao certo o que aconteceu. Mas, voltamos para Manhattan e jantamos em um restaurante em que todos os garçons cantavam. Não havia nenhum Sinatra mas o "show" foi ótimo.

O concerto do Johnny Mathis no Radio City Music Hall, acompanhado da orquestra regida pelo Henry Mancini, foi talvez o mais elaborado e musicalmente mais impactante.

Eles haviam gravado um CD com o título The Holywood Musicals e o show era para divulgar e aproveitar o grande sucesso de vendas alcançado na época do lançamento. 


                                Mathis & Mancini, Two for the Road and Charade



Comprei os ingressos e tomei conhecimento que o Johnny estaria dando autógrafos na mesma tarde do show, em uma loja de discos na rua 49, que ficava perto do meu local de trabalho. 

Depois do almoço fui até lá e entrei já em uma pequena fila que se formou em frente à mesa onde ele estava. Quando chegou a minha vez (já acostumado com a dificuldade que os americanos tinham de pronunciar meu nome, falando sempre Rolando em vez de Ronaldo), disse-lhe que me chamava Ronald, que era brasileiro e seu fã desde o final dos anos 50 e que estaria presente à noite para assistir ao seu show.

Ele foi extremamente simpático, disse que adorava o Brasil e que cantaria algumas músicas brasileiras em sua apresentação, o que de fato ocorreu. Ele cantou Manhã de Carnaval, Aquarela do Brasil e Na baixa do Sapateiro, essas duas últimas em um mesmo arranjo.  

Para um show em que a pegada era de músicas de Hollywood, foi realmente uma surpresa e uma grande homenagem. A orquestra era espetacular e ver o Mancini ali, ao vivo, regendo, foi uma oportunidade ímpar. E a dedicatória não poderia ser melhor:


 

Outra grande surpresa foi o show de Barry Manilow, em um dos teatros da Broadway. Gostei tanto que assisti duas vezes. Em uma delas estava presente, duas fileiras à frente da minha, uma grande estrela do cinema e que era uma de minhas preferidas, naqueles musicais da Metro. Esther Williams, já senhora, mas muito elegante, sorridente e simpática. 

O Manilow, nascido Barry Alan Pincus, cantou, dançou, tocou piano e até chamou uma moça da platéia para dançar com ele um de seus maiores sucessos "I can´t smile without you".  Acho que aqui no Brasil  não se tem idéia da fama e sucesso desse "one man show". Espetacular. Aí vai uma amostra:


                                            Barry Manilow, sensacional


Mel Torme, também pouco conhecido no Brasil, assisti no Michael´s Pub.  Era uma temporada que se repetia cada mês de dezembro, aproveitando o grande sucesso de sua autoria que é tocado em todos os Natais.  "The Christmas Song" é uma canção que foi eternizada por Nat King Cole.



Mel Torme, voz aveludada e grande sensibilidade, afinadíssimo, formou um famoso conjunto vocal chamado Mel Tones, que nos anos 40 e 50 foi a base de todos os conjuntos vocais americanos daí para frente.

Seus shows tinham geralmente o acompanhamento de um grande pianista americano, cego, George Sheraring. Ambos se completavam.


                                    Mel Torme e George Shearing, I'll be seing you


Essa música , por sinal, era o sufixo musical das apresentações do espetacular pianista Liberace, cujo último show em NY eu assisti. Ele estava visivelmente alquebrado, sofria de enfisema pulmonar e tinha dificuldade de respirar depois de um maior esforço. Mesmo assim seguia se apresentando e fazendo intervalos quando outros artistas se apresentavam. Adorava anéis, brilhos e lantejoulas. Até seu piano brilhava. Mas era outro show man.

                                    
                                           Liberace em um Gershwin Medley, sensacional

                                               

Foram muitos os cantores que se apresentaram em shows e concertos naqueles 5 anos e eu não me lembro de ter perdido a oportunidade de estar presente a todos. 

Só para lembrar alguns, Tony Bennet (no Radio City), Andy Williams (show de Natal próximo lá de casa, na companhia de meu irmão Alberto e minha cunhada Lenice, com direito a neve na saída), Bobby Short (no Hotel Carlyle, dando bronca nas coroas que não paravam de falar durante as apresentações), Shirley Bassey (no Carnegie Hall com um ingresso de última hora cedido por meu colega e amigo Amaro), Billy Ekstine e Sarah Vaughan, juntos, no Avery Fisher Hall (creio que foi o primeiro show que fui), Milton Nascimento (acompanhado por orquestra e o pianista Luizinho Avellar que é filho de minha amiga e ex-crooner Consuelo e hoje vive em Portugal), e uma récita espetacular do Pavarotti no Carnegie Hall.

Infelizmente, a cantora que mais apreciava, Barbra Streisand, não se apresentou em New York naqueles anos e até pensei em assisti-la em Los Angeles, mas o preço do ingresso + passagem + hospedagem + alimentação, ultrapassavam meu orçamento.  E como ela nunca veio, nem virá, ao Brasil, vou ficar me contentando com os vídeos e filmes.

É provável que eu tenha esquecido de mencionar alguém nessa extensa lista mas sempre há a possibilidade de editar o Blog.

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