MINHA TRAJETÓRIA NO BANCO DO BRASIL - PARTE 1- CREDI







Em setembro de 1962, prestei concurso para o Banco do Brasil. Havia me preparado no Curso Satélite, onde frequentava as aulas pela manhã na rua Visconde de Inhaúma e de lá ia, a pé, cumprir meu expediente do Banco Boavista (12 às 18 horas). 

Tinha uma preocupação na matéria de Contabilidade porque nunca havia tido contato com nada até então. Os anos que passei no Boavista foram no Departamento de Câmbio e mais particularmente nos contatos com os Correspondentes no Exterior através de cartas e raros telefonemas.  

Fazia também câmbio manual no balcão e controlava as remessas para o exterior, grande nicho daquela entidade porque tinha muitos clientes portugueses.  Havia uma limitação de remessas no valor equivalente a 100 dólares por mês e tínhamos que controlar o remetente e o beneficiário, sem a ajuda de computadores ou sistemas, que naquela época nem existiam. Era na mão mesmo.

Não tinha, e até hoje não tenho, nenhuma afinidade com normas contábeis, balanços, escrituração etc e apesar de tentar estudar a matéria sentia que teria que fazer uma boa média nas outras matérias para conseguir a aprovação.

Dito e feito.  As matérias eliminatórias eram português e matemática e ainda havia inglês e datilografia além da contabilidade.  Fiz uma boa média e com isso recebi a aprovação e tomei posse em 19/2/1963.

Minha despedida no Boavista foi no final de janeiro de 63 e, como contei no capítulo da SEGUNDA DÉCADA, fiz e deixei grandes amigos e com eles mantive contato durante alguns anos. No álbum de fotos do meu casamento, em 1967 , lá estão o Léo Costa e o Raphael. 

Tomei posse na Carteira de Câmbio, na CREDI (seção de créditos de importação) sob a chefia do Cesar Kolberg Parga Rodrigues, no quinto andar do Edifício Visconde de Itaboraí, na esquina da Presidente Vargas com a rio Branco,.

Como tinha conhecimentos básicos de exame de documentos de importação, que aprendi no Boavista, fui designado para auxiliar os funcionários que atendiam os clientes que dependiam principalmente dos conhecimentos de embarque para retirarem as mercadorias do cais ou dos aeroportos.

Naquela ocasião, havia uma centralização de câmbio no Banco do Brasil e a quantidade de documentos era enorme. Além do expediente normal (12 às 18 de segunda a sexta e 9 às 12 aos sábados) fazíamos horas extras durante a semana, de 8 às 11, e às vezes aos sábados. Esse horário era vulgarmente conhecido como "Convenção". 

Os clientes ou seus corretores lotavam aquele imenso balcão rezando para que seus documentos tivessem chegado e mostrassem que o embarque havia sido feito dentro do prazo do contrato de câmbio, caso contrário haveria um reajuste na taxa cambial. E além disso, enquanto não chegassem os BL (Bill of Lading) as mercadorias permaneciam no cais/aeroporto,  teriam causando pagamento de armazenagem. Era um estresse grande porque às vezes os documentos chegavam pela manhã e tinham que ser examinados com cuidado e no balcão os clientes nervosos para recebe-los.

Na época, como havia aumentado muito a necessidade de novos funcionários, não havia mesas suficientes para todos e eu dividia uma com um colega que tomou posse dias antes de mim, Ismael de Castro Sundin, que ficou meu amigo e a quem convidei para trabalhar na Fenaseg depois que nos aposentamos no BB.

Fiquei na CREDI até dezembro de 1965 quando fui requisitado pelo então Diretor de Câmbio, Charles Pullen Hargreaves, para seu Gabinete, no segundo andar do mesmo prédio.



Foto de 1964 na CREDI. Da esquerda para direita Alvaro Terra na frente, Sergio, Italo e Mazza na segunda fila, Neco Espirito Santo, Marçal, Renato, Manfredo, Pedro, Marcio Cotrim, Jorge Pereira, Ismael Sundin, Murilo, Eu, Jorge, Daniel e Linhares.  Lá no fundo, ao centro, o Chefe da Seção, Cesar Parga Rodrigues e ao seu lado direito o mais velho, Crisóstomo, o arquivista. 


Além do Sundin, meus maiores amigos na CREDI foram o Manoel do Espírito Santo (com quem trabalhei depois na DICAM e no BB-New York e até hoje, embora morando nos USA, mantenho contato permanente com  ele e sua esposa Fátima)  e o Márcio Cotrim, que foi para Brasília anos depois e assumiu cargo importante na área de marketing. Escreveu vários livros, entre eles "Em cada quadra uma flor" e "O pulo do gato". Era muito querido e conceituado na cúpula do BB. Faleceu em 2019.

Durante muitos anos fazíamos uma reunião/almoço de Natal na AABB e o Murilo todos os anos sacava do bolso uma folha de papel com o nome da turma toda e a cada ano ele ia riscando os falecidos e anotando seus nomes no verso, e declarava que no dia em que houvesse mais nomes no verso do que no anverso ele não mais organizaria as reuniões.  

Dito e feito.  Anos depois, já na trabalhando na Fenaseg eu consegui organizar um almoço em um restaurante na esquina da Senador Dantas com Almirante Barroso com alguns remanescentes da turma. E foi a última vez que nos reunimos.


Ítalo Marzano, Murilo Albuquerque, Eu, Daniel Vasconcelos, Ismael Sundin e Erasmo Marçal, ultimo encontro de velhos amigos da CREDI - 2002

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog